terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

A Mídia reage


Ser o elo de ligação entre o que acontece e o espectador é um dos deveres principais do jornalista. Levar ao espectador/leitor de forma simples e objetiva as notícias e seus subsídios para que haja uma opinião formada. Quem trabalha com comunicação e mesmo quem a estuda, sabe que o 'produto final' tem que chegar da melhor forma ao espectador. Para isso, há de se trabalhar com dedicação, apurando informações, duvidando de tudo, entrevistando e colhendo depoimentos diversos. Naturalmente, um entrevistado ou personagem não pode ser tratado ou visto como insignificante, ao contrário, merece toda a atenção. Mas, como tudo na vida, existe um limite nisso tudo. Jornalista também é gente- tem fome, sede, sono e sentimentos- e, do mesmo modo que entrevistados e personagens( e até mesmo o espectador) merece ser tratado com dignidade e respeito.

Na noite da última segunda-feira, durante o programa 'Linha de Passe-Mesa Redonda', da ESPN Brasil, o diretor de jornalismo da emissora, José Trajano, anunciou que a ESPN Brasil não estará mais presente nas entrevistas coletivas pós-jogo do time do São Paulo, enquanto o técnico Muricy Ramalho estiver falando. Quando algum jogador ou dirigente do clube paulista vier a falar, a emissorá volta ao trabalho, mas com Muricy, sem chance. O motivo : a falta de educação do técnico são-paulino nas entrevistas coletivas. No último domingo, após a derrota por 2 a 0 para o Santo André, Muricy Ramalho resolveu descontar a derrota de seus comandados nos repórteres, promovendo um festival de patadas, grosserias e estupidez. Entre os repórteres presentes, estava Fernando Gavinni, da ESPN Brasil, também 'premiado' por Muricy. A questão é que essa não foi a primeira vez que o técnico promoveu seu "show". Há tempos os jornalistas que cobrem o Tricolor Paulista vêm sendo alvo da falta de educação de Muricy Ramalho. Mas chegou a hora do basta. É louvável a atitude tomada por José Trajano e pela ESPN Brasil. Gostaria que outros veículos também fizessem o mesmo para, quem sabe assim, Muricy se dar conta de que precisa de uma terapia. Mas, de qualquer forma, foi uma atitude de coragem e merece reconhecimento. Sei que muitos vão falar " mas e o torcedor , como ficará sabendo o que o técnico tem a dizer ? ". Minha resposta é : neste caso, dane-se o torcedor. Em primeiro lugar está a dignidade e o respeito que o jornalista merece. Jornalista não é capacho de entrevistado. É uma via de mão dupla: respeito para ambos os lados, mas que começa do lado de lá.

Chegou a hora da mídia parar de supervalorizar entrevistado. Só se valoriza quem se dá ao respeito. Muricy Ramalho é um homem íntegro e de caráter, isso não se pode negar. É vencedor, merece e tem o respeito dos jornalistas, mas é grosso e estúpido. Em vista disso, a mídia não pode e não deve ignorar o fato. Que o exemplo da ESPN Brasil venha a ensinar que a atividade jornalística precisa ser mais valorizada. Pelos próprios jornalistas.

Nenhum comentário: