sexta-feira, 10 de abril de 2009

E era da Sua Vontade


Disse mais o Senhor Deus : Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea. ( Gênesis, Cap. 2, versículo 18)

Esse versículo diz respeito à criação de Eva, a companheira de Adão. Mas tem sido muito utilizado pelos cristãos para se referirem a casamento, noivado, namoro, etc... . Muitos se firmam neste versículo como uma promessa universal para o homem. Algo que irá acontecer na vida de cada um, queiram ou não. Em parte estão certos, pois este versículo pode perfeitamente ser aplicado hoje em dia na vida de muitas pessoas. Mas erra quem pensa que ele se aplica na vida de todas as pessoas. Há que se lembrar que a vontade soberana de Deus se aplica a cada um de maneira diferente. Repetindo : a vontade soberana de Deus se aplica a cada um de maneira diferente. Foi aí que meu coração sangrou.

Há um tempo atrás, passando por uma depressão pra lá de complicada, na tentativa de buscar ajuda, fui ao encontro de uma teóloga( não citarei o nome dela por uma questão ética). Discutindo sobre vários assuntos sobre a vida, reparei que ela era uma pessoa sozinha. Tomei coragem e perguntei à ela sobre a sua vida. Ela me disse que era sozinha sim, mas era feliz. Que não tinha filhos, embora tenha sido casada por duas vezes, e que o fato de ela ser sozinha daquele momento em diante era da vontade de Deus. Confesso que na hora achei um pouco estranho, mas acabei por concordar com ela. Sim, por que não seria da vontade de Deus ?. Foi então que ela me disse algo como "de repente Deus tem o mesmo plano para você, que você não se case e seja uma pessoa sozinha". Me assustei e perguntei como poderia saber se isso era verdade. Então ela me respondeu: "dentro de no máximo cinco anos você saberá ". Isso foi em 2003. Estamos em 2009.

De lá pra cá, minha vida afetiva seguiu o mesmo curso de 2003 pra trás : na lama. Tá certo que houve alguns pequenos momentos de alegria, mas foram tão poucos que podem ser considerados espasmos. Estou há seis anos sozinho. Estou há seis anos pedindo ajuda a Deus. Estou há seis anos sem respostas. Enquanto meu coração sangra, muitas pessoas más e sem caráter conseguem se realizar. Tudo bem que eu não sou um santo, mas perto de algumas pessoas eu sou quase um anjo. Por que Deus não me responde ? o que eu fiz de tão grave assim ? . Não consigo aceitar que Deus me considere tão mau a ponto de me negar uma resposta em SEIS ANOS. Onde foi que eu errei, pomba !?. Deus responde a tantos pedidos de tantas pessoas, e não pode me dar uma mísera resposta ? não é nem a solução do problema, é só uma resposta, uma orientação para que eu possa ter um pouco de alívio. Não, Ele não respondeu e tenho quase certeza que não responderá. Porque a verdadeira resposta foi dada há seis anos atrás através daquela teóloga.

Tudo bem, mesmo em meio a dor aceitarei a vontade Dele. Ele é Senhor, e eu servo. É meu dever aceitar. Aceito sim. Não foram todos que nasceram para ter seus sonhos realizados e eu preciso aceitar isso. Como eu disse no primeiro parágrafo : a vontade de Deus é soberana. Só espero que, assim como aquela teóloga, eu possa ser feliz sozinho. Senhora teólogoa, parabéns, você acertou. Era da vontade de Deus que eu tivesse o mesmo destino que o seu.

Respondeu-lhes Jesus: O que eu faço não o sabes agora; compreendê-lo-ás depois. ( João, Cap. 13, versículo 7 ).











domingo, 29 de março de 2009

A Casa da Benção


A Igreja é a casa de Deus, diz o senso comum. Lá Ele mora, e eu acredito nisso, assim como mora em todos os outros lugares, já que é onipresente. A questão é que muitos esquecem que a Igreja é a casa de Deus, mas é habitada por homens. E, como tudo que é habitado pela criatura, não é perfeita e é passível de desentendimentos. Já vi igrejas se tornarem verdadeiras Casas da Mãe Joana. Mas, segundo reza a cartilha de muitos, a Igreja não é só a casa de Deus, mas é também a casa da benção.

Se alguém acredita em Deus, mas não frequenta a Sua casa, não é tão fiel assim e, talvez, nem acredite em Deus, porque quem acredita e teme a Deus não abandona o lar divino. E quem não comunga não pode ser abençoado. Pouco importa se a pessoa tem caráter, é íntegra, honesta e pratica os valores divinos em sua vida. Não estando no rebanho, nada vale. Só merece o bem não quem o pratica, mas quem vai à Igreja.

Isso tudo que foi levantado aqui não está na Bíblia, nem em livro nenhum. Está no pensamento arcaico de muitos. É um pensamento que machuca, que é cruel e, acima de tudo, injusto. Não é a frequência à um culto religioso que molda o caráter de uma pessoa, porque muitos são cordeirinhos dentro de um templo, mas fora são verdadeiros lobos. Essa teologia( com T minúsculo mesmo) de que só é feliz e abençoado quem congrega dominicalmente é mais uma invenção absurda dos homens. Já passou da hora de parar de pregar essa mentira. O fiel, seja ele de que religião for, tem que ir à Igreja por desejo próprio, pelo que à Igreja verdadeiramente é, e não porque 'se-não-for-não-será-feliz'. Pouco adianta sentar 40, 50 anos no banco de uma igreja e ser uma pessoa sem caráter e sem integridade.

Eu , como cristão que sou, repudio e sempre repudiarei essa falsa doutrina de condicionar felicidade à frequência eclesiástica. Vou à Igreja porque gosto, porque me sinto bem e não pra buscar bençãos. Vou à Igreja pelo que ela é, e não pelo que ela supostamente tem a oferecer. A única benção que busco na Igreja é cultuar a Deus. Ele é a verdadeira benção.

sábado, 14 de março de 2009

Perdas e Ganhos


Muitos especialistas em questões sentimentais afirmam que a 'fase da paixão' de um casamento dura em torno de dois anos. Até lá, os casais estão em eterna lua-de-mel. Defeitos são ignorados, a ansiedade atrapalha a visão racional, questões importantes são jogadas a segundo plano, a impulsividade pulsa forte. Tudo em nome do amor. Mas, segundo esses mesmos especialistas, o amor de verdade só será descoberto após a 'ressaca'. Quando, por exemplo, um homem começar a enxergar os defeitos de sua esposa, quando a razão voltar a ter voz, quando as luzes da realidade voltarem a ser acesas, e ele, já não mais tão 'cego', aceitar continuar sua vida ao lado da mulher com quem se casou, é porque existe amor de verdade. Caso contrário, tudo foi uma paixão de 'Carnaval'.

Há três anos eu começei a faculdade de Jornalismo. No início da lua-de-mel entre eu e a carreira, tudo era maravilhoso. Não havia absolutamente nada de errado. O Éden havia renascido. Eram flores que brilhavam de emoção. Nada podia deter o meu entusiasmo. Nada podia deter meus planos. E assim foi por bom tempo. Mas, queiram ou não, acreditem ou não, as luzes da realidade foram acesas. Como que um aparelho de raio x, fui vendo tudo o que está dentro desta carreira. Tudo. Meu entusiasmo diminuiu. Confesso que levei um susto. A visão não era nada boa. E foi aí que veio a mais importante resposta que eu tive até hoje na minha vida profissional : eu amo o meu curso. Não era uma paixão de Carnaval. Era, e é, amor. Com todas as decepções que eu tive e tenho neste curso, afirmo que o amo. Que se voltasse no passado mil vezes, mil vezes escolheria a mesma carreira. Jornalismo não é só pra quem tem a vocação ou o desejo. É, acima de tudo, para quem pode . Ninguém escolhe o Jornalismo, é o Jornalismo que escolhe a pessoa. Esse curso é diferente de todas as carreiras do mundo. É uma ilha rebelde no mar. É um Estado independente. A melhor definição para organizar as carreiras acadêmicas é as separando por áreas. Humanas, Exatas e Biológicas, é a definição atual das áreas acadêmicas. Mas o certo mesmo seria Humanas, Exatas, Biológicas e Jornalismo, que é único e não pode se enquadrar junto com as demais carreiras, simplesmente porque a carreira jornalística é diferente de TUDO, formando assim uma área acadêmica própria.

Mas nem tudo são flores nessa ilha. E, como eu disse, a paixão acabou. O entusiasmo também. Como é possível não se entristecer com a ridícula guerra de egos no Jornalismo ? com a vaidade a milésima potência ? com as redações fazendo estagiários de gado e os diplomados ganhando menos que vendedor de loja ? simplesmente impossível. Esse tipo de mundo não é pra mim. Não mesmo. Não é porque se ama algo ou alguém que se é obrigado virar fantoche do mesmo. Por isso, depois de muito pensar, decidi o tipo de jornalista que quero ser, e que vai ao contrário de todas as questões levantadas neste parágrafo. Quero e vou ser acadêmico. Quero fazer várias especializações e mestrado. Quero trabalhar com pesquisa. Longe de redações. Bem longe. E não pára por aí. Como a carreira acadêmica não dá sustento nem estabilidade suficientes, precisarei de outra ocupação. Que se chama emprego público. De preferência na minha área, lógico. Mas, em caso de emergência, pode ser em outra área. Isso mesmo, concurso público mais vida acadêmica. É isso que eu quero, é isso que eu farei, é isso que me fará feliz. Nada compra a tranquilidade e a felicidade de se trabalhar com o que gosta tendo um emprego estável. Não era isso que eu desejava há três anos atrás, mas naquele tempo eu ainda estava em lua-de-mel... . Desde já só tenho um objetivo : estudar, estudar e estudar, me preparando para o futuro. Nada de estágio( quem quiser me chamar de preguiçoso, fique à vontade), porque só atrapalha a vida de estudante ao tomar -muito- seu tempo e também porque não desejo entrar no pavoroso e cruel Mercado de Trabalho. Quero é estudar, ler, aprender coisas novas, me preparar da melhor forma. Até porque conhecimento nunca é demais. Cultura é algo que nunca cansa. Seja na universidade, vendo um filme, lendo um livro ou revista, aprendendo novos idiomas, estudando a sociedade, etc... . Tudo isso me dá muito, mas muito mais prazer do que um furo de reportagem, ser correspondente internacional ou conseguir uma entrevista exclusiva com o Chico Buarque( entre outros vips), feitos que são considerados prêmios no Jornalismo.

E assim vou eu, feliz e satisfeito comigo mesmo pela esperança de um futuro bom, de uma vida digna e feliz. Mais feliz ainda por estar consciente e satisfeito do que eu realmente quero e que me faz feliz. A paixão acabou sim. Mas sobrou a esperança.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

A Mídia reage


Ser o elo de ligação entre o que acontece e o espectador é um dos deveres principais do jornalista. Levar ao espectador/leitor de forma simples e objetiva as notícias e seus subsídios para que haja uma opinião formada. Quem trabalha com comunicação e mesmo quem a estuda, sabe que o 'produto final' tem que chegar da melhor forma ao espectador. Para isso, há de se trabalhar com dedicação, apurando informações, duvidando de tudo, entrevistando e colhendo depoimentos diversos. Naturalmente, um entrevistado ou personagem não pode ser tratado ou visto como insignificante, ao contrário, merece toda a atenção. Mas, como tudo na vida, existe um limite nisso tudo. Jornalista também é gente- tem fome, sede, sono e sentimentos- e, do mesmo modo que entrevistados e personagens( e até mesmo o espectador) merece ser tratado com dignidade e respeito.

Na noite da última segunda-feira, durante o programa 'Linha de Passe-Mesa Redonda', da ESPN Brasil, o diretor de jornalismo da emissora, José Trajano, anunciou que a ESPN Brasil não estará mais presente nas entrevistas coletivas pós-jogo do time do São Paulo, enquanto o técnico Muricy Ramalho estiver falando. Quando algum jogador ou dirigente do clube paulista vier a falar, a emissorá volta ao trabalho, mas com Muricy, sem chance. O motivo : a falta de educação do técnico são-paulino nas entrevistas coletivas. No último domingo, após a derrota por 2 a 0 para o Santo André, Muricy Ramalho resolveu descontar a derrota de seus comandados nos repórteres, promovendo um festival de patadas, grosserias e estupidez. Entre os repórteres presentes, estava Fernando Gavinni, da ESPN Brasil, também 'premiado' por Muricy. A questão é que essa não foi a primeira vez que o técnico promoveu seu "show". Há tempos os jornalistas que cobrem o Tricolor Paulista vêm sendo alvo da falta de educação de Muricy Ramalho. Mas chegou a hora do basta. É louvável a atitude tomada por José Trajano e pela ESPN Brasil. Gostaria que outros veículos também fizessem o mesmo para, quem sabe assim, Muricy se dar conta de que precisa de uma terapia. Mas, de qualquer forma, foi uma atitude de coragem e merece reconhecimento. Sei que muitos vão falar " mas e o torcedor , como ficará sabendo o que o técnico tem a dizer ? ". Minha resposta é : neste caso, dane-se o torcedor. Em primeiro lugar está a dignidade e o respeito que o jornalista merece. Jornalista não é capacho de entrevistado. É uma via de mão dupla: respeito para ambos os lados, mas que começa do lado de lá.

Chegou a hora da mídia parar de supervalorizar entrevistado. Só se valoriza quem se dá ao respeito. Muricy Ramalho é um homem íntegro e de caráter, isso não se pode negar. É vencedor, merece e tem o respeito dos jornalistas, mas é grosso e estúpido. Em vista disso, a mídia não pode e não deve ignorar o fato. Que o exemplo da ESPN Brasil venha a ensinar que a atividade jornalística precisa ser mais valorizada. Pelos próprios jornalistas.