quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Modernidade Safada


Muitas pessoas evitam sair de casa por medo de assalto, principalmente nas grandes cidades. Para não gastar gasolina, dinheiro, pegar trânsito e outros aborrecimentos típicos da vida moderna( ou pós-moderna, como preferem alguns). Em muitos casos, tal conduta é perfeitamente aceitável, contanto que não atinja níveis paranóicos. Mas pior que as paranóias da modernidade é o estilo de vida doentio que ela trouxe consigo: o virtual. Também pode ser chamada de pós-realidade, pois hoje o virtual é o real, lamentavelmente.

É o virtual que mudou e muda a cada dia as estruturas da sociedade, em um ciclo vicioso sem fim. Muda o senso comum, muda os hábitos, muda as relações, muda tudo. E pior, afasta e destrói. É por causa do tão louvado mundo virtual, que as crianças deixam de ser crianças cada vez mais cedo, sendo forçadas a adquirir uma maturidade a que não estão preparadas. O menino do 102, não desce mais pro playground do prédio para brincar com o amigo do 401. Liga o computador, fala pelo glorioso messenger, entram em sites. A adolescente de 14 anos, da 8ª série, não marca de sair com as amigas da escola para conversar e fofocar, usa o messenger. Jogar bola ? sair pra ver os amigos ? conversar pessoalmente ? pra quê, se nós temos MSN ?. Conversar na faculdade depois da aula ? que coisa mais antiquada !. E por aí vai... .

É uma maravilha ver a cada dia as "bençãos" que o mundo virtual trouxe ao mundo. Tudo você pode fazer no computador ! Conversar, namorar, transar, ler, estudar e muitas outras coisas. Que maravilha, não ?. Já não se faz necessário o papo olho-no-olho, a presença de um amigo ou amiga, as piadas contadas em grupo, não precisa mais, isso é coisa da Idade da Pedra. Agora tudo é olho-na-tela. Acho até que não se faz necessária a construção de prédios com playgrounds, em vez disso, faz uma lan-house na portaria e pronto.

E assim, meu caro leitor, caminha a humanidade, parafraseando Lulu Santos. Caminha a passos largos para uma era ultravirtual sim, mas para uma era de artificialidade, infantilidade, imaturidade e egoísmo. Uma era em que a presença de um ser humano - não importa se ele é seu amigo, irmão, marido, esposa, prima ou o escambau- é menos importante do que o seu computador. Uma era em que um serviço de mensagens instantâneas é mais legal e preferível do que a presença daquele seu amigo há mais de 10 anos.

E o mais ridículo de tudo são os discípulos do mundo virtual, denfendendo-o com unhas e dentes, ou melhor, com teclados e mouses. Coitados, não percebem que a cada dia se tornam mais virtuais...e mais infantis e alienados. E assim caminha a humanidade... .

Nenhum comentário: